O comércio tradicional em Coruche, atravessa momentos difíceis, a concorrência no mercado da distribuição de bens de consumo no nosso País sofreu, nas ultimas décadas, enormes e forçadas transformações que, de uma forma natural influenciaram a mudança dos hábitos de compra dos consumidores, alterando radicalmente todo o sistema comercial, desde a importação ao retalhista, passando pelo armazenista.
Antes da investida inesperada do poder económico e financeiro no sector da distribuição, o mercado do comércio a retalho pertencia, todos ele, às micro e pequenas empresas do sector, hoje chamado Comércio Tradicional. A concorrência entre comerciantes fazia-se de uma forma correcta e saudável, procurando cada um melhorar as condições de venda, atendimento e atracção do seu estabelecimento, na tentativa de conseguir aumentar a sua cota de mercado, contribuindo, embora sem precipitações, para a modernização do comércio.
O “Natal” não é o que era. Que o digam os comerciantes de Coruche que têm assistido à queda vertiginosa das vendas. Opinião do Sr. A.F. Proprietário de uma loja de comércio tradicional, A.F. sublinha que os estabelecimentos comerciais chegaram a estar abertos quase vinte e quatro horas, em outras épocas, insatisfeito com as "vendas péssimas"; C.P. proprietário de um pequeno armazém local, adiantou que o "comércio já conheceu dias melhores" e "se o período das festas foi fraco, o Natal nem se fala", apesar de ainda faltar cerca de um mês. Na base deste descontentamento e como causas, A.F. aponta que "o dinheiro não dá para tudo". "Hoje em dia compra-se só o essencial", desabava.
A funcionária de uma perfumaria, afiançou que ainda é um pouco cedo para comparações. Ciente de que o Natal geralmente é bom, adianta que as pessoas da Coruche guardam sempre as compras para a véspera. Questionada quanto às vendas, a funcionária explicou que o perfume de mulher é, ainda assim, o produto mais solicitado nesta época, apesar de se notar facilmente que as pessoas têm menos poder de compra. Diz mesmo que o aparecimento de grandes superfícies comerciais no distrito só vieram piorar um comércio que está já com os dias contados. A "feroz" concorrência com a maior oferta de produtos e de melhores preços tendem a contribuir, a médio prazo, para o desaparecimento do pequeno comércio, e não nos podemos esquecer que associado ao comércio tradicional, está o atendimento personalizado, onde o bem-estar do cliente é a satisfação do comerciante, conclui.